quarta-feira, 4 de maio de 2011

PÉS NA SELVA DE PEDRA – EXPLORAÇÃO DA AVENIDA PAULISTA EM 04 05 11

13h05 – chego na estação de São Miguel. Quase todos estão ali. Vitor liga. Está atrasado, mas está chegando. Esperaremos. Sei que vou me arrepender.
13h25 – Entramos no trem. Vitor chegou há pouco, e o Jorge ligou. A viagem segue. Murilo lê um livro, Mariana (usando minha mochila como apoio pra não cair!) , Jennifer e Paloma conversam. O Edson, caladão, do lado da Paloma. Do meu lado, a Keila. Os outros espalhados pelo vagão, conversando. Alguns com fones do ouvido. É um momento lírico. Keila me fala sobre a mudança da região de União Vila Nova. “Estes prédios não estavam aqui da ultima vez...”. Lembro-me de quando andava de trem, criança, observando a paisagem. Ela me fala de como é bom ir ao Parque Ecológico Tietê, mas de bicicleta. Samuel fala de sonhos pessoais. O vento entra pelas janelas deste trem novo. Tudo calmo demais. Banco o palhaço e falo algumas besteiras. Sorrisos gostosos, mas sem muita agitação. Os jovens estão na deles.
13h57 – Plataforma do metrô da estação Brás. O Jorge liga e diz que está na Penha. Tá se esforçando. Isto é bom.
14h10 – Desembarcamos no Paraíso. Há exposições. Coisas legais. Solto a galera. Eles saem a toda. Fuçam, tiram fotos de onde não deve, me chamam pra tirar fotos de onde não deve, uma loucura. O Jorge liga. Diz que está na Sé. Vamos esperar, mas eu sei que vou me arrepender.  Subo e encontro Raiane. Pontual, chegou antes de todos. Desço pra buscar a turma. Nisto, chegam Justin (na verdade, Claudio) e Potter (que eu chamo de “Porter” e sou corrigido e que, na verdade, se chama Fernando). Pouco depois, Jorge e sua  máfia (são três primos, fora o Vitor) chegam. 14h35.  Começo a me arrepender.
14h40 – No viaduto Paraíso, lembro questões de segurança e o motivo de estarmos ali: uma exploração, onde pessoas, locais, arquitetura, atitudes, roupas, comportamento, tudo!, será observado de forma crítica e séria, mas também descontraída e divertida. Seguimos viagem.
14h50 – Casa das Flores. Todos muito bem recebidos, pegam a revista “Brasileiros” e exploram a casa, sua arquitetura, sua estética. Após, a bela monitora Virginia Borges faz um trabalho magnífico nos conduzido para o interior da obra da artista Sylvia Diaz e suas instalações tão intimistas e fortes. Quem não gosta da primeira, adora a segunda (adolescentes vendo a artista nua em uma caixa de vidro e entendendo o significado disso). Saindo de lá, passamos em frente ao Itaú e do  Sesc, parando apenas no Citi Center.
15h15  – Entramos no edifício Citi Center, onde uma exposição sobre o rei Roberto Carlos acontecia. Eles acham legal, mas se divertiram mesmo foi subindo a escada rolante transparente e me vendo pisar em falso ao sair do edifício.
 15h30 – Observamos edifícios novos e antigos da Paulista e entramos no Conjunto Nacional para ver a exposição de Debret. O pessoal curte Debret, toda a questão histórica do país sobre a chegada de D. João Vi, etc. e tal, mas se amarram mesmo é no catálogo bacana e naquelas poltronas confortáveis. Entramos na Livraria Cultura. Até quem não gosta de ler fica com a boca cheia de água: o espaço, as pessoas, as possibilidades, ali dentro, parecem outras. Os garotos mergulham na estrutura do espaço atrás do que há por ali, as meninas quase brincam de casinha no espaço da literatura infantil. Vanessa parece se encontrar naquele livro rosa sobre princesas – muito encanto em todos os olhares.  As pessoas nem os notam: quanto mais domínio cultural mais diversidade ambiental? Não sei, não me arrisco a afirmar nada. Vamos a parte de Arte e, atrevido, mostro aos garotos mais velhos os traços de Manara na obra sobre os Bórgias. Se animam. Digo que aquilo é baseado em História. Não sabem o que estão perdendo – sobre Manara e sobre História. É tarde, temos que ir. Estão encantados com tudo, dizem que desejam voltar. Digo que, quando trabalhei na Angélica, entrava ali e ficava horas lendo, até que o metrô estivesse mais  vazio. Lembrei da hora. Comecei a me arrepender...
17h10 – Do conjunto Nacional, chegamos até o Cenpec. Na hora da foto, surgem Ana Claudia (Cacau) e o Wagner. Sorridentes, nos cumprimentam. Wagner entra. Cacau, muito simpática, nos fotografa. Duas vezes. Depois, tira uma foto com os jovens. Ela, como sempre, energética e animada, pergunta sobre o passeio. Respostas tímidas, cansadas. Cacau, anfitriã exemplar, nos convida para conhecer o Cenpec. Os jovens se olham; Mariana toma a palavra, diz que é melhor não, por causa da hora. Digo que a recusa tem dois motivos: 1) eles querem chegar em São Miguel a tempo de ir para a escola. 2) Estão cansados de andar e assimilar lugares e pessoas. Cacau entende. Despede-se. Rumamos para o metrô. Tudo muito natural, mas com um toque classista que me lembrou Shakespeare a parada, saca, mano?
Resumo da volta:
Entramos no metrô. Foi aí que o arrependimento de esperar os atrasildos veio, porque: 1) pegamos horário de pico; 2) no Paraíso, o metrô parou fora do curralzinho e a turma ficou metade no metrô, metade na estação; 3) Na Sé, mar de pessoas, vida de gado, curralzinho pra lá, curralzinho pra cá; 4) No Brás: aquele trem lotado, cheio de pessoas capazes de te esmagar pra chegar em casa mais cedo. (Mas este momento ruim também não foi tão ruim assim. Orientei os meninos para ‘protegerem’ as meninas e a volta foi tranquila. No trem, uma passageira habitual – Silmar? – muito nos alegrou com suas histórias sobre as histórias do trem e sua simpatia tirou a tensão das meninas de estarem ali. Foi uma alma muito enriquecedora para nosso repertório humano).
19h20 – Desembarcamos em São Miguel. Alguns para casa, outros diretos pra escola. Eu,  sozinho, cruzo as ruas do bairro, pensando no dia. Não devo mais esperá-los: daqui pra frente, horário é horário e ponto final. Garotos de ouro: será que aprenderam muito com tudo isto? Rayane não achou os lugares “tão legais”. “Vamos a lugares legais da próxima vez?”. O que será “legal” pra ela? 19h40. Perdi aula na faculdade. De ética. O 3001 chega. Itaim Paulista. Melhor ir pra casa, estou cansado também – e cheio de idéias jovens na cabeça.  
   Claudemir Santos

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