quinta-feira, 22 de setembro de 2011

'STAMOS EM PLENO MAR: PJU IPEDESH NO MUSEU AFRO

data: 20/09/11
local: MUSEU AFRO - IBIRAPUERA
nº de jovens: 25 (alguns da turma da manhã estiveram presentes, aumentando o número)

Após uma bela - cansativa e divertida! - caminhada do metrô Ana Rosa até o Ibirapuera, embarcamos no museu Afro com um certo contratempo - principalmente um trem com mais de 40 minutos de atraso. Um vez dentro do museu, um monitor conzudiu a turma pela cultura africana, começando por Carybé, dando ênfase ao trabalho escravo colonial e as consequências culturais que isto causou em nosso país. Momentos após, nos deixou para visitar o museu como bem fosse conveniente. Não tive dúvidas: decretei a deriva. Os jovens urbanos se espalharam pelo labirinto da cultura negra enquanto eu navegava com mais velocidade para poder dar o minimo de bussola cultural a cada grupo que se formou.

"Meu, olha lance de futebol ali!" - diz  o Jonathan, e arrasta meia dúzia de garotos com ele.

"Claudemir, o que o artista quis dizer com esta obra?" - Perguntam Michelle e Angélica.
"Pensa."
"Pensa aí, Claudemir."
Risos.
E pensamos juntos.
Conclusões? Produtos de exportação, religiões, sincretismo, um caldeirão em uma procissão de orixás e homens canonizados pela igreja católica.

Em outra sala, alguns surpresos ao encontra uma Yemanjá negra.
"Mas ela não era branca?" - pergunta Stephany, surpresa com a deusa negra.
"Aquela ali?" - a imagem clássica, com Yemanjá branca, vestida de mar. Toda européia, como se fosse.
"Ah!" - explico a brancura da santa, a aceitação popular e sua derme verdadeira.
Não temem a orixá negra. Querem mais é jogar uma moeda na fonte dos desejos para alcançar alguma felicidade. Sincretizam-se e ficam bem distante do preconceito religioso - ao menos neste momento de contemplação e entendimento destas forças da natureza.

Outra grande impressão. A sala com o navio negreiro. Ao entrar no espaço, Castro Alves parece sussurrar: 'Stamos em pleno mar...".  Mariana  não consegue ler o que está escrito ali - precisa de óculos, a menina - leio tal qual poeta que não sou. Ela se encanta com o verso e anda pela sala mergulhada em sensações e profundidades que dizem respeito somente ao seu universo particular, sua alma, seu crescimento. Observo de longe, sem interferir,  em silencioso sorriso.
"Claudemir, vamos lá em baixo ver a exposição da atriz do Clone?" - pede a Elisangela.
E, em pleno museu Afro, um mergulho na cultura dramaturgica - ainda que influenciada pela Globo.

Saímos tarde de lá - decidiram ficar um pouco mais no parque e curtir o verde -  e foi duro chegar em casa. Alguém se perdeu aculá. Esperamos. Alguns reclamam a escola perdida. Alguém ali falou um palavrão. Jovens, pô! Você queria o quê? É tempestade e ímpeto a cada minuto, com certeza!
"Como se fosse aprender algo na escola" - diz certa jovem. Ela está certa?

As informações informaram, formaram novas visões. Entre brancos e negros todos foram brasileiros - e sairam dali com uma visão diferente do universo da cultura negra. E ainda mais: do grande sincretismo que é a cultura brasileira.

Dicas musicais:

"Alma não tem cor
Porque eu sou branco
Alma não tem cor
Porque eu sou negro
Branquinho, neguinho
Branco, negon
Alma não tem cor
Porque eu sou branco
Alma não tem cor
Porque eu sou jorge mautner
Percebam que a alma não tem cor
Ela écolorida
Ela é multicolor
Azul, amarelo, verde, verdinho, marrom
Cê conhece tudo, cê conhece o reggae
Cê conhece tudo né, cê só não se conhece"
(Karnak - Alma não tem cor - CD Karnak)

Meu olho azul
é negro diluído
Racismo é um rio poluído.
Eu sou branco
orixá me abençoou
Se me chamar de negro
Vou falar que eu também sou.
Eu sou negro
Orixá me abençoou
Se me chamar de branco
Vou falar que eu também sou.
Limpa o rio.
Limpa o mar.
E viva a diferença!
(André Abujamra - Meu olho azul - CD Infinito de pé)

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