sexta-feira, 8 de abril de 2011

IMPRESSÕES DE UMA ADESÃO

A adesão chega ao fim. Acredito que os últimos passageiros subiram semana passada. 60 jovens. Não foi fácil. Algumas questões adultas pesam nos ombros adolescentes. Trabalho, principalmente. Precisam ajudar a sustentar a casa e, é óbvio pra quem já passou fome, é mais reconfortante a grana que o conhecimento. “Alimento pra cabeça nunca vai matar a fome de ninguém”, dizia Renato Russo. Por estas e outras não há criticas a quem abandona o projeto para entrar no mercado de trabalho. É triste que tenha que ser assim, mas assim o é. Outros, simplesmente desaparecem. Célia Missae, no auge do desespero, chega a ir nas casas saber o motivo da desistência. Uma tem que ir com a vó, única parente que tem, pra Bahia resolver “uns negocio lá”. Outros, preferem não participar, mesmo. Tem que pensar demais, tem que escrever, ver coisas estranhas. Não, eles simplesmente não estão afim. E os que ficam? Os que ficam são a maioria. Muitas vezes tem pais mais esclarecidos – outras vezes, ficam porque os pais não assimilam bem o que acontece, mas enxergam algo de bom em tudo isto. E eles ficam. Muitos ficam enquanto correm pelas agências de emprego, ou seja, estão por aqui até aparecer uma oportunidade que pareça melhor. Em compensação tem gente que não sai de jeito maneira. Gostaram dos amigos, da equipe, da proposta do projeto. É uma turma e tanto. E estamos no fim da adesão, enfim. Daqui a pouco, ninguém entra mais. A nau prepara-se, enfim, para singrar por São Paulo.

                Neste primeiro momento exploramos São Miguel, nosso lar, e descobrimos coisas novas e belas, e discutimos sobre coisas tristes e ruins – houve espaço para tudo. O resultado disto está nos blogs (em anexo) da turma da manhã, da turma da tarde e no único e exclusivo guia cultural de São Miguel, sugestão minha aceita e alimentada pelas duas turmas do PJU.  Há também o embrião de projeto para melhoria da Associação que nos abriga. Há mil e uma idéias no ar sobre Arte, literatura e afins. Há a esperança de uma partida de futebol e uma “balada envolvendo todo mundo pra ver o que que pega de mesmo por aí”.

                Há mil coisas no ar, e alguns escritos que falam mais do que meus sentidos. Portanto, aqui me calo para que os jovens falem com suas expectativas e perspectivas sobre o programa.

Saboreiem:

“O COMEÇO É A PARTE MAIS DIFÍCIL DO TRABALHO”
                (Platão, citado por Sandy, 17 anos)

“O primeiro dia do curso foi legal conheci pessoas novas, brinquei, aprendi discutimos coisas interessantes e tá sendo muito legal participar...”
 “...E eu estou aprendendo sobre um escritor brasileiro que eu ouvia falar mas não me interessava e agora estou muito interessado sobre os livros que ele escreveu...”

(Léo, 18 anos. Saiu do Programa por ter conseguido trabalho numa agência de telemarketing na Republica)

“Ontem ouvimos uma musical infantil e dentro dele havia palavras com significados importantes, para que nós pensássemos no nosso dia a dia e discutimos sobre essas mensagens. Fizemos uma reflexão sobre nossa avitidade.”
                                                                              (Dayane, 19 anos)

“O  primeiro dia foi legal e ao mesmo tempo foi chato, o legal foram as atividades e o que foi chato é que as pessoas estavam muito tímidas (eu também estava e isso atrapalhou nossa troca de idéias, nossa interagilidade )...”

“A parte do dinheiro  confesso chamou a atenção, mas o que me chamou mesmo a atenção foi a menina de cabelo Black Power que me fez pensar uma coisa muito importante, que dinheiro é não é muito importante, porque dinheiro você consegue no futuro com o que você aprender, com seu conhecimento você pode ir mais além. E espero que isto aconteça comigo neste projeto...”
                                                                              (Murilo, 18 anos)

“Descobri a diferença entre Arte e Entretenimento. Estou adorando. Agradeço a Deus por esse projeto. É uma experiência que vou levar para a vida inteira. O que eu mais esperava desse projeto é trocar conhecimentos e idéias, e é isto que encontrei, muito bom!’
                                                                              (Keila, 17 anos)

“Gostei da apresentação do César Negro, achei uma boa maneira de ajudar-nos a refletir sobre o que realmente queremos da vida.”
                                                                              (Sandy, 17 anos)

“Apesar de gostar muito deste tipo de arte eu sempre procurava entender a obra a partir do que eu vejo, e se a obra me chamasse atenção eu realmente pesquisaria sobre ela. Mas eu aprendi que precisamos ver e entender em que o artista quis se expressar.”

“...Gostei também da apresentação sobre o “toldo azul” e achei muito importante a jovem ter falado sobre a participação dela na quinta edição do PJU. Uma fala dela simplesmente me chamou muita atenção. Ela disse que o Programa mudou a vida dela, e foi isso que mudou a vida dela, e foi isso que me fez pensar que vale a pena  continuar...”
                                                                              (Mariana, 17 anos)

“Eu gostei da atividade porque é uma forma de fazer a gente enxergar as coisas de uma outra maneira e fazer com que a gente exercite a nossa mente”
                                                                              (Jonathan, 17 anos)

“Quarta fomos para o nosso primeiro passeio para São Miguel. Nosso ponto de encontro foi na Praça do Forró. Lá fizemos o desenho da capela, relevo (frottage) do chão e tiramos fotos (...) e por ultimo passamos nos Bombeiros que foi o que eu mais gostei porque tinha muita curiosidade para saber como é lá, como trabalham. Na quinta discutimos sobre o passeio se foi legal chato cansativo o que gostamos ou não – “
                                                                              (Flávia, 18 anos)

“Depois assistimos um filme baseado no que ocorre nas escolas de hoje na maioria do país. Acontecem coisas boas e ruins na escola. Depois lemos um jornal do bairro. Nunca tinha visto. É muito legal saber do nosso bairro o que tem de interessante.”
                                                                              (Vitor, 17 anos)

“Eu gostei muito, pois aprendemos a vê as coisas com o olhar mais crítico analisando as obras e e refletindo o que o artista quis dizer, prestando atenção nos detalhes que antes passavam despercebidos. E por esse fato achei isso tudo muito interessante, porque cada um viu o quadro de forma diferente que o autor realmente quis dizer, aprendendo também que cada um tem seu ponto de vista.”
                                               (Beatriz, 17 anos. Saiu do programa por razões desconhecidas)

“Nós vamos na terça-feira no horário das 13h as 17h. O Vitor vai fazer a parte do horário de funcionamento e endereço; o Julio vai  fazer serviços e curiosidades; o Denis vai fazer imagens e histórico e o Jorge vai fazer a entrevista. Assim nós nos organizamos assim todos os que estão no grupo e vamos se encontrar no D. Pedro (EE D Pedro I) as 13h e pretendemos ir embora quando acabar.”
                (Denis, 18 / Vitor, 16 / Jorge, 20 / Julio César, 17)

“...Nosso tema foi meio ambiente e pra mim é muito interessante e eu gostei de fazer com o Jorge, o Murilo e a Stefany, e vimos um carro alegórico muito legal e o mais interessante é que o carro era feito com garrafa pet  e muita criatividade...”
                                               (Elisangela, 17 anos)

“Gostei muito de ter ido ao CDC, as pessoas do CDC nos trataram muito bem, nos deixaram a vontade. Gostei de ter criado o blog, pois confesso que eu não sabia como se criava um blog...Estou fazendo mais amizades, obtendo mais conhecimento, é uma sensação maravilhosa, inexplicável.”

“Foi uma das melhores oportunidades que estou tendo, quinta foi meu primeiro dia e posso afirmar que com esse projeto o nosso bairro vai ter melhoria, e nós jovens urbanos vamos ter mais união, esperança...Gostei muito da explicação das atividades e tenho certeza que vou gostar muito mais, pois todos vocês, educadores, são muito legais e atenciosos.”

                                               (Sthefany, 17 anos)

“Eu gostei da menina que falou que o projeto mudou a vida dela. Eu quero que a minha mude também. (Brigado Cenpec). Bom, só isso.”
                                               (Jeniffer, 16 anos)

“O FUTURO TEM MUITOS NOMES. PARA OS FRACOS, É O INTANGIVEL. PARA OS TEMEROSOS; O DESCONHECIDO. PARA OS VALENTES É A OPORTUNIDADE”
                                                                              (Victor Hugo, citado por Sandy)


Um comentário:

  1. Me emociono ao ler porque me lembro de cada momento descrito e de cada depoimento dos jovens.

    ResponderExcluir