O tempo parou no alto do antigo Banespinha.
Os olhares mergulharam na geografia aérea da cidade por cinco minutos e perderam-se em reflexão.
O que acham de tudo isto? Gigantesco? Secular?
Descemos e atravessamos o Anhagabaú, o Vale dos Mortos. Aqui em baixo tem um túnel. A cidade é, de fato, grandiosa. De morto, o vale não tem nada. Pessoas andam de um lado para o outro. Policiais, bandidos, parece filme, parece a música do Maurício Pereira (Motoboys, girassóis, etc e tal).
A cidade é poliglota, é multivisual, as pessoas que nelam habitam são percebidas pelos joves urbanos, que também fazem parte desta multidão, mas não querem ser mais um, apenas. As Casas Bahias já foi Mappim, e já foi Santa Casa e, ao menos no tempo do Mappim, as geladeiras do necrotério ainda permanencem em um dos andares superiores. Arrepios e, diante deles, o Teatro Municipal de São Paulo.
"Precisa vir de social pra assistir coisas aí?"
Que nada: minha primeira vez eu tava de jeans e coturno. Tô de jeans e coturno até hoje. E coturno é o nome da bota que os gregos utilizam para representar suas tragédias.
"Coisa louca, mano!"
Mas a loucura rola mesmo na exposição do Escher no Centro Cultural Banco do Brasil. Eles ficam fascinados com a ilusão de ótica e as confusões que o artista causa com sua obra. Questionamos se não é isto que o mundo é: uma ilusão pra gente acreditar que as coisas são assim mesmo. A gente nem sabe o que tá vendo: o Brasil pode ser um quadro de Escher.
A escola, a familia, a comunidade, tudo pode ser uma falsa impressão, uma ilusão de ótica. É preciso afinar o olhar, sem perder o sorriso e a alegria dos jovens pela cidade. Hora de ir pra casa, meninos e meninas. Eu adoro vocês!